Leiamos

Leitura como Ato Therapêutico

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Leitura como Ato Therapêutico

Leitura é Ser

Leitura Não É Sinônimo de Literacia, Leitura É Ser. No Leiamos, nossa visão sobre leitura vai muito além da simples habilidade de decodificar símbolos e palavras. Leitura não se resume ao domínio técnico da literacia, ou seja, à capacidade de ler e escrever — leitura é uma experiência do ser. É um ato que transcende o fonema (Phōnē) e a grafia (Graphó). Quando falamos que a leitura é um ato therapêutico, estamos nos referindo a uma experiência existencial profunda que toca a essência do ser humano, molda seu comportamento, reflete sua identidade e transforma suas relações consigo mesmo, com o outro e com o mundo.

Leitura: Um Ato que Transcende a Técnica
Na compreensão tradicional, literacia se refere à habilidade de ler e escrever, de compreender e comunicar através de signos, seja oralmente ou por meio da escrita. É uma competência fundamental para a participação social e cultural, mas não é o fim da leitura. A leitura, no seu sentido mais profundo, não é técnica, mas existência.

Quando falamos que a leitura é ser, afirmamos que o ato de ler não se limita ao que nossos olhos decodificam nas palavras impressas ou aos sons que nossos ouvidos captam. Ler é, antes de tudo, sentir e experienciar. É um ato que envolve a totalidade do ser — corpo, mente e espírito. Leitura é presença, é um estado de ser em relação com o mundo e com o outro, onde cada palavra, pensamento ou sensação emerge como um espelho da nossa própria existência.

Phōnē e Graphó: Limitações do Verbo
A Phōnē (a voz, o som) e a Graphó (a escrita, o símbolo) são as ferramentas externas pelas quais tentamos dar forma ao que é leitura, mas são limitadas. Leitura não é simplesmente aquilo que podemos ouvir ou ver. Ela reside no não-dito, no não-escrito, no espaço de silêncio e contemplação que se encontra entre o leitor e o texto.

Leitura, neste contexto, não é uma transferência mecânica de informação. Ela é um encontro. Não é o som que ecoa de uma voz ou a tinta que marca uma página que define a leitura, mas o que se revela dentro de nós a partir desse encontro. Leitura é revelação, um diálogo interior que desperta o ser para novas dimensões de si e do outro.

Leitura É Ser: Uma Relação Existencial
Quando dizemos que leitura é ser, estamos propondo uma visão onde o ato de ler se entrelaça com a própria experiência da vida. A leitura se manifesta em nossas relações mais íntimas e cotidianas, em como percebemos o tempo, a nossa identidade e o mundo ao redor. O texto que lemos, seja ele uma obra literária, filosófica, teológica ou científica, não é um fim em si mesmo, mas uma janela para o autoconhecimento e para a compreensão do mundo.

Leitura, nesse sentido, nos lembra que somos leitores de nós mesmos a todo momento. Cada pensamento, cada interação, cada silêncio é uma forma de leitura. Não lemos apenas livros, lemos o mundo, lemos o tempo, lemos o outro. E, nesse processo, nos tornamos seres conscientes, capazes de refletir e transformar.

Leitura e Therapia: O Ser que Cura
Nossa tese de que a leitura é um ato therapêutico encontra aqui seu fundamento mais profundo. Therapia, como já dissemos, não é apenas um início ou uma técnica; é o resultado de um processo de interação entre Atender, Tratar, Cuidar e Servir. Da mesma forma, a leitura, enquanto ato de ser, não é um mero instrumento para adquirir conhecimento. Ela é um caminho de cura, de revelação e de transformação do ser.

Quando lemos, não estamos apenas informando a mente — estamos curando o espírito, estamos cuidando de nós mesmos. A leitura nos atende em nossas necessidades mais profundas, nos trata ao confrontar nossas dúvidas e medos, nos cuida ao oferecer respostas e perspectivas, e nos serve ao nos transformar em seres mais completos.

Leitura: Um Ato Existencial na Relação com o Outro e o Mundo
Finalmente, ler não é apenas um ato individual. Ler é ser em relação. O processo de leitura nos coloca em contato com outras realidades, outras consciências, outras vozes. Seja por meio de um texto filosófico que nos faz questionar o sentido da existência, um ensaio psicológico que nos leva a entender nossa subjetividade, ou um texto teológico que nos eleva à contemplação do sagrado — a leitura nos transforma à medida que nos conectamos com algo além de nós.

Esse encontro com o outro — seja o autor, o personagem ou a ideia — é uma maneira de expandir o ser. Ler nos faz viver múltiplas vidas, nos transporta para outras dimensões da realidade e nos dá a oportunidade de enxergar o mundo por outros olhos. A leitura, então, é uma prática de alteridade, onde nos aproximamos daquilo que é diferente e, ao mesmo tempo, nos tornamos mais profundamente conscientes de quem somos.

Conclusão: Leitura é Vida
Portanto, no Leiamos, nossa tese é clara: Leitura não é sinônimo de literacia. Ela não se limita à capacidade de decodificar palavras ou sons. Leitura é ser. É um ato existencial que transforma, cura e expande. Não é (φωνὴ (Phōnē) nem γράφω (Graphó)- é a maneira como nos relacionamos com o mundo, como nos abrimos para o novo, e como permitimos que cada leitura seja um passo na nossa jornada de autotransformação.

Quando afirmamos que leitura é um ato therapêutico, estamos reconhecendo que o verdadeiro poder da leitura reside no seu impacto sobre o ser. Leitura é vida, e, ao nos engajarmos profundamente com ela, nos tornamos mais inteiros, mais conscientes e mais conectados com o que realmente importa — a nossa existência e a nossa relação com o outro e com o mundo.
Leitura é ser.

Leitura é Ser
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